domingo, agosto 30, 2009

Ser in/compreendido

Aqueles que são insanes, são verdadeiramente IN. Só quem não o é, é que não o sabe. IN, mas de INcompreensão, que é o que me custa mais. E as doenças mentais são isto mesmo. Quando alguém parte uma perna, «coitadinho, não pode subir as escadas» «coitadinho, vamos ajudá-lo a carregar as compras» «coitadinha, não consegue fazer as coisas em casa» «coitadinha, não consegue trabalhar». A história repete-se para um transplante de coração ou uma desregulação do pancreas a que as pessoas chamam as diabetes. Mas tudo se torna diferente quando alguém tem uma disfunção cerebral, ou melhor contando, uma doença mental... se for uma doença que se manisfeste intensamente, daquelas esquizofrenias graves, em que a pessoa precise de ir em camisa de forças para a casa de saúde, ai sim, tudo bem, mas se se tratar de uma depressão, de uma Bipolaridade, de um outro transtorno qualquer, então o caso muda de figura. Passamos do «coitadinho..», para «Indolente, que não quer ir trabalhar», «Desleixada que não faz sequer o jantar» ou « Aquele Imbecil...» entre outros termos deveras demolidores das mais baixas auto-estimas existentes à face da terra. Já o outro dizia «Eles nem sabem,nem sonham...» a dor que uma mente desregulada passa por ter este tipo de problemas. As pessoas que nunca passaram por isto nem imaginam o quanto dificil é manter-se vivo neste sistema, manter a esperança, lutar para sobreviver dia após dia...Se já dificil é para os que passam, se entenderem uns aos outros, quanto mais aqueles que têm nas suas mãos o poder para decidir e lutar e seguir em frente com as suas vidas. Quem (s)atura (d')uma doença mental sente-se triste e incompreendido, e desejando muito que outros lhe dê algum conforto e alivio - afinal, é o que todo o ser humano deseja, mas este apenas num grau muito mais desesperado. Pessoalmente, sei que o ser humano enquanto imperfeito é preconceituoso, e ponto final.